Letra e Música: Cao Guimarães
Intérprete: Serginho Moah
Rápido, cavalo,
sempre em frente no más,
não pisa na bosta,
que ficou pra trás.
Rápido, cavalo,
temos que seguir,
sem pensar, sem pesar,
sem se reprimir,
sem prostituir a arte
de sobreviver.
Já raptaram a bela
e já caparam a fera,
e mutilaram as matas,
poluíram as águas,
rapinaram a terra,
enfumaçaram o ar,
e proibiram a erva,
e repartiram a peste,
entre a rapaziada.
Ficar apaixonado,
é perigoso demais!
Rápido, cavalo,
temos que correr,
lá vem o ladrão, lá vem a polícia,
lá vem mais um crítico,
mais um político,
lá vem mais uma lista de corrupção,
e mais uma pesquisa
sem a nossa opinião,
o povo já não sabe o que é real,
e a gente acha
essa realidade normal.
— olha o rapa!
Refrão
Rápido, cavalo,
temos que supor,
que isso tudo
é intriga da televisão,
muita sacanagem,
muita estupidez,
muita hipocrisia,
ganância, insensatez,
povo sem cultura gosta de sofrer,
sonha com dinheiro,
transa sem amor,
morre de inveja do seu opressor.
Cavalo bem domado
adora o domador.
Rápido, cavalo,
temos que fugir,
mudar de planeta, trocar de canal,
fazer alguma coisa que não seja banal,
ninguém é obrigado a ser feliz,
por isso eu canto.
Não quero brigar,
mas quero mudar o mundo,
não quero destruir, nem retribuir,
não quero nem cuspir na cara,
de quem bem que merecia
uma porrada.
— olha o tapa!
Refrão
Rápido, cavalo,
sei lá pra que lado,
pra qualquer lugar,
me tira da vanguarda deste CTG,
me livra de não crer,
não ver, não perceber,
que a música é a música,
é a música que dá prazer.
Me lembra de não esquecer
que tudo é ritmo e poesia.
Rápido, rápido, rápido, cavalo,
não pra competir,
não pra concorrer,
não pra ganhar,
não pra perder,
cancha reta é pra cavalo novo,
briga de beleza é coisa de guri,
e a gente já está velho demais
pra se iludir,
e a gente ainda é moço demais
pra desistir,
e a gente sabe:
nunca é tarde demais
pra ir a um festival dizer:
— Abaixo os festivais!
Violão e Vocal:Cao Guimarães
Baixo e Vocal: Zé Natálo
Acordeon: João Vicente
Bateria: Ruba
Arranjo: Zé Natálio