37ª Moenda da Canção

NAU DOS LOUCOS PELO PAMPA

(Ricardo Freire e Jaime Vaz Brasil)
Intérpretes: Lúcia Helena e Ivo Fraga
Santa Maria e Porto Alegre – RS

Nau dos loucos pelo pampa; 
Arreio que encilha o nada.
 
Cavalo insone, sem freio.
 
Norte f eito sem estrada.

Espora perdida e surda
no galpão inexistente. 
Histórias não ocorridas
 
que habitam cada vivente.

Nau dos Loucos pelo Pampa. 
Sono ao solo dos sensatos.
 
Semente azul do arco-íris.
 
O poema é mais que fato.

Melodias do impossível,
clave em pautas flutuantes. 
Parlamentos sustenidos
 
compondo leis dissonantes.

Nau dos Loucos pelo Pampa.
Chuva de baixo para cima.
O calendário dos homens
deu asas de vez ao clima.

Flores no inverno, no outono
e mesmo na primavera. 
Do céu caem mil dinheiros
 
e o povo não se aglomera.

Nau dos Loucos pelo Pampa. 
Se postam cartas sem selo.
Janelas, trancas e portas
 
com dobradiças de gelo.

Terremotos sobre o vento –
nau das naus, nau incerta. 
Queda livre do infinito,
e a porta do céu, aberta.

Arranjo, Teclado e Vocal: Ricardo Freire
Teclado: Paulinho Bracht
Baixo: Luiz Martins
Bateria: Marcelo Freitas
Percussão: Sandro Cartier
Guitarra: Jair Medeiros e Andrei Copete