Me chamo verso e confesso
Perdi-me em muitos rincões
Ando na boca e nos sonhos
Que acendem lua e fogões
Vivo em estrada e galpões
Conheço o campo e a cidade
Se me despeço, a saudade
Remalha em mil corações…
Por rumo trago a esperança
Apresilhada na voz;
Sou campo largo e enchente
Sou rio distante da foz…
Sou a alma dos avós
E seiva que não se esvai,
Pois guardo a calma de um pai
Que cuida antes… e após!
Se alguma folha em branco
Acolhe o meu destino
Renasço em rima e flor
No fio de um desatino…
Sei que a querência que eu procuro
Vai além da sesmaria…
Eu sou o verso e confesso:
Não vivo sem poesia!
Empresto corpo à alma
Sangrando pena e dor
E ainda sou o espelho
Pra refletir o amor
Porque as mãos que me partejam
Vêm da alma que me aquieta…
Eu sou o verso e confesso:
– Tenho a tua vida poeta!