Gênero/Ritmo básico: Canção
Letra: Jaime Vaz Brasil (Porto Alegre – RS)
Música: Adriano Sperandir e Cristian Sperandir (Osório – RS)
No colo da minha insônia
vejo a fome a andar nas sotas
das gordas que, de Botero,
não vão aos pratos de Angola.
Sinto guerras, maremotos
e espadas de Andaluzia.
Uma Odisseia, um naufrágio
e tudo o que eu não queria.
No colo da minha insônia
— voluntário e delirante —
há um Leonardo gritando
ao futuro e seus distantes.
A morte nas mãos de Goya:
um grito preso. (E liberto).
Theo, no amarelo das cartas,
girassola um sol incerto.
Vai meu sono, vai,
e canta o que não cantei.
Vai meu sono, vai…
pra onde mais não sei.
No colo da minha insônia
sou gigante e sou pequeno.
(Entre Amadeus e Salieri,
me liberto e me condeno).
No céu, Ghandi a fazer roupa
reparte a paz que alucina
com o homem que — sem armas —
parou um tanque na China.
No colo da minha insônia
desmaio, cansado e mudo.
(E o sono faz, sem alarme,
o desarme dos escudos).
A noite arma o cenário:
sou cavaleiro e cavalo.
Beijo as Valquírias de Wagner.
Fecho os olhos. E me calo.
Vai meu sono, vai (…)
Violão e voca l -Adriano Sperandir
Piano – Cristian Sperandir
Bateria – Sandro Bonato
Contrabaixo – Giovani Fraga
Intérprete: Adriana Sperandir