Poeira, Sol e mormaço,
Alarmou-se o Arzelino.
Porque diabos o Salino
Puxava a ponta da tropa?
De pé descalço, a canhota,
Esganchada prá descanso
Deixou “as cruz” do tostado
E voltou prá dentro da bota
O capataz, previdente,
Iniciou um aboio lento
Num timbre de voz de vento
Que não convinha gritar
A peonada sabia
Que a força daquele canto
Ordenava em acalanto
Pra o gado não estourar
Não me deixem arreio frouxo
Um olho na cavalhada
O outro na cachorrada
Os guias já vão formar
Num lado o baio Coleira
No outro a cadela Oveira
Se formarem pelos flancos
Carece de se cuidar
Aquele macho, Salino,
Espantou o Arzelino
Que era touro de culatra.
Na ponta, berrando rouco,
O focinho como um louco
Farejando uma desgraça
E o faro daquele touro
Nunca vira se enganar
Se fora onça ou aguada
Só sabia o velho touro
Já sem perigo de estouro
Dispersou a cachorrada
Até o baio Coleira
E o tostado frente aberta
Com o Salino na culatra
Voltaram ao tranco de tropa