Traíram-me as entrelinhas
de todos os meus poemas…
Pois, nem mesmo eu sabia
que a verdade se escondia
nessas frestas tão pequenas.
E, num gesto repetido,
me pus a escrever assim:
Entregando, a cada frase,
o que havia de mais grave,
ou de mais oculto, em mim.
Desnudei-me por inteiro
em todo verso que fiz,
e derramei nas palavras
todo o pranto que estancava,
fosse por triste ou feliz.
Pensei ver-me revelado
por sobre as folhas sem fim…
E à sombra dos meus dedos,
desfaziam-se os segredos
que habitavam em mim.
Porém, surpreendo-me agora:
Tola conclusão tardia!
Depois de tantos poemas,
vim encontrar-me apenas
no que dizem as entrelinhas!!!