Daqui de cima, o sol nasce mais pertinho…
E um passarinho corta o céu em liberdade
Sem ter pousada nesta selva de concreto
Pra anunciar outra manhã cá na cidade.
Daqui de cima, não se vê rio nem canoa,
Só as pessoas navegando sem parar…
Se vão remando sobre um leito sem destino,
De um rio de asfalto que jamais encontra o mar!
QUERO O AMANHECER DE LÁ DE FORA:
IPÊS FLORIDOS, UMA CACIMBA E UM SABIÁ…
QUERO UM VIOLÃO PRAS NOITES MORNAS,
ENCHENDO A VIDA DA EMOÇÃO QUE AQUI NÃO HÁ.
De lá de baixo, quem me vê aqui em cima,
Por certo, segue seu caminho a perguntar:
Quem é este homem que, ao chegar o fim da tarde,
Mateia triste com uma lágrima no olhar?
Quando me apeio da sacada até lá em baixo
Tento encontrar, neste lugar, felicidade…
Mas não adianta, quem se criou campo afora
Não se acostuma à solidão cá na cidade!