A morte é um lobo à espreita:
imóvel, mudo e pulsante.
(No olho, o gelo põe cores
de quem domina, distante.)
A morte é serpente rasa
e nos vive – de pequenos –
destilando em nossas veias
o seu mais lento veneno.
A morte é um urso hibernante
que dorme, imóvel e quieto.
(Mas quando acorda, nos chama
para o seu sono secreto.)
A morte é um tigre faminto
na farta mesa das horas:
num salto breve, a surpresa
que nos alcança e devora.
A morte é um rato inquieto
em seus caminhos esquivos.
(Finge que foge assustado,
mas rói o porão dos vivos.)
A morte é águia à espreita
em seu voo mais rasante.
(Com suas as garras, nos prende
e nos some, num instante.)
Ou morte é pássaro leve
ave branca, de outra escola
que nos flutua em silêncio
enquanto abre a gaiola…