De Ricardo Martins
Intérpretes: Ricardo Martins e Pirisca Greco
Andas de tento sovado
Sentindo dor nas basteiras
Mas tu’alma de crineira
Segue rangendo carona
Cortindo de tanta doma
Te moldaste ao travessão
Sobre a cruz de um redomão
Falquejaste teu idioma
O roce eterno dos loros
Carregas no costilhar
Do meu jeito de sonhar
Também és conhecedor
Pois quando no corredor
Te alcançava por pasto
Recostando em ti meu basto
Recordava alguma flor
A cicatriz no teu lombo
E o nome de ‘recado’
Linguajar apaisanado
Que trouxeste da fronteira
Quando uma égua traiçoeira
Se deu volta encilhada
Te escorou numa trompada
Bem no pé de uma tronquera
Ao te ver junto da cherga
Recostando na carona
E uma cincha querendona
Com um nó na barrigueira
Cheia de potro e mangueira
Porque o setembro me cobra
Vai ter serviço de sobra
Meu velho basto de doma
Marcelo Pimentel: percussão
Marcelo Nunes: gaita botoneira
Juca Duarte: baixo
Evair Gomes: recitado
Ricardo Martins: violão