37ª Moenda da Canção

MANIFESTO DADA

Letra e Música: Luciana Leandro de Lucena

Pisco
pr’um olho que fecha e dorme
 
E finge pra ninguém ver
 
Cato os pedaços de madrugada madura
 
Engulo mordo pra que?

Pode esquecer 
O olho verde da maçã que cai
 
Era vermelho
 
E não pingava a fruta madura
 
Mas o soluço de bicho que apodreceu de manhã
 
Pode cortar
 
Mas deixe a marca pra faca
 
Que segue cega os caminhos
 
Dos descaminhos de andar

Pisco pr’um olho aberto 
Que acorda e dorme
 
Pra que?
 
Cato os pedaços de madrugada deserta
 
Pra que?

Pode nascer 
Mas deixa o sangue borbulhar lilás
 
Que eu lambo o mundo
 
De noite
 
Que eu fecho os becos
 
Me bebo nas taças quentes
 
Da gente que intumesceu de manhã
 
Pode sangrar
 
Mas deixe o sangue pingando
 
Na fruta quente
 
Vermelha que adormeceu de manhã

Dada 
Que é pra não ser
 
Nem querer nada
 
Que não venha de papel picado e só
 
Nos lençóis

Dada 
Que é pra não ser e querer
 
Nada que não venha de papel picado e só
Nos lençóis

Intérprete – Luciana Leandro de Lucena
Bateria – Benito Lemos
Violão – Adriano Sperandir
Teclado – Cristian Sperandir
Baixo – Giovani Fraga
Percussão – Rodrigo Reis