Milonga – Anderson Mireski e Tuny Brum, de Porto Alegre e Santa Maria/RS
O que me olha do espelho,
Ou de um antigo retrato?
Quem sou eu mesmo, de fato,
Nessas paredes da vida?
Ave de asas feridas,
Louco poeta encantado,
Um combatente, cansado
De tanta luta perdida…
Tão solitária, minha arte
É palco em luz sem plateia…
Mas fia uma nova teia
Enquanto a noite se apaga…
A lucidez se embriaga,
E o silêncio ensurdece…
E nisso, a caneta esquece
Onde guardou a palavra.
Em vestes de santo e louco,
Vou sendo de tudo, um pouco
Daquilo que posso ser:
Variação de um velho tema;
Sempre em busca de um poema
Que me ajude a renascer.
Busco a poesia escondida
Espiando em todas as frestas
De cada porta entreaberta
Por onde o frio emana.
Sedenta, a alma se ufana,
Em largos goles de amor…
Entre canções de Belchior
E sonetos de Quintana.
Às vezes, sou corda bamba,
Por outras, sou labirinto…
Pois entre o que falo e sinto,
Há rascunhos e arremedos;
Por vezes, rio de segredos
A correr livre nas veias;
Por outras, sou grão de areia
A escorrer pelos dedos.
Tuny Brum – Intérprete
Marcelinho Carvalho – Violão
Diogo Matos – Teclado
Alexandre Scherer – Contrabaixo
João Paulo Deckert – Acordeon
Marcelinho Freitas – Bateria