Apeiei dum baio oveiro
com um pala branco que eu tinha
e uma adaga na bainha
que o pala escondia o cabo…
Pronta pra fazer um estrago
no causo de um desacato
-explicadora de uns fato-
nestes bailes do meu pago.
Encontrei uma ex-noiva
que eu tinha, louca de linda
e agora melhor ainda
tinha botado mais “anca”
tomei dois gole de branca
pra “acomoda” o pensamento
fui calculando o momento
de lhe escorar na retranca.
Apertei minha rastra nova
na cintura da morena
e já fui moldando a cena
de um “bailecito” fronteiro
fiz um sinal pro gaiteiro
que abriu bem a cordeona
pra eu relembrar pra essa dona
meu bailar chamameceiro.
Oigaletê coisa linda
um “bailecito” fronteiro
pra se clarear um romance
no escuro de um entrevero.
E a morena foi sentindo
que ia crescendo o romance
e não quis perder a chance
já foi entrando no clima
eu segui na mesma rima
da que eu já vinha trovando
e a coisa foi esquentando
feito namoro de prima…
Coisa bem linda é um romance
quando a saudade rebrota
que a gente cruza e nem nota
que se perde pelo escuro
e enxerga longe um futuro
que a canha deixa embaçado
então se faz o pecado
deixando a vida em apuro.
Nos vinha os dois dançando
quando se deu o entreveiro
que eu nem ouvi que o gaiteiro
parou de soco a vaneira.
Eu só via a noite inteira
bombeando um céu estrelado
que amanhã faço o noivado
e casamos segunda feira.