37ª Moenda da Canção

AMORÁVEL

Eu vim, amor
pra recolher a sombra leve dos teus passos
e com o abraço que guardei e não sabia.
Vim pra dizer que tudo é breve mas demora
bem mais que deve, se a razão despede a hora.

Eu vim, amor
de mãos vazias, na orfandade do teu corpo
mas olhos cheios de memória e já sem medo.
Agora cedo, quero a frase, como eu possa:
vim pra dizer o que calei e não devia.

Eu vim amar, amor,
eu vim, eu vim…

Na vida, o coração
só vive quando é par

além do que é possível
amar…

Eu sou, amor
um violino enternecido no silêncio
da corda tensa sublinhada pelo arco.
E já fui barco sem ter rio ou oceano:
leme haragano que me fez deriva e sede.

Por isso, amor
quero ser tudo o que acenda teu sorriso
no impreciso do meu canto, que é só teu.
E ser o tempo para muito além do quando:
oito que deita, e nem sabe do infinito…