37ª Moenda da Canção

A VIDA ESTÁ DURA MAS BATENDO A GENTE CURA

Letra e Música: Luiz Carlos Borges
Intérprete: Luiz carlos Borges e Banda Estado das Coisas
Viamão RS

Nasci num ano bom 
Sou ariano, sou de paz
 
Cresci fazendo som
 
E este som é quem me trás
 
Eu saio quando penso
 
Eu chego quando quero
 
Eu nunca fico tenso
 
Eu não me desespero
 
A estrada não tem culpa
 
Se a gente pega pó
 
Mas sei que é dose-dupla
 
Viver desatando nó
 
É pouca claridade
 
Na linha do horizonte
 
Mas eu vou com vontade
 
Em busca dessa fonte

A vida está dura
Mas batendo a gente fura

A mais de trinta anos
Que eu ando por aí
 
E entre um baile e outro
 
Muita coisa eu aprendi
 
Ouvi Nenhum de Nós
 
Num roque de ruir
 
E o roque milongueiro
 
De Engenheiros do Havai
 
Vi Sérgio Jacaré
 
Conversar com Silva Rillo
 
No dia desse encontro
 
Não se ouvia nem os grilos
 
Ficou timbrada em nós
 
Essa roite barranqueira
 
Entre um Mate por Ti
 
E as Paixões Arrabaleras

Ja ouve um burburinho
Foi quando Borghetinho
Vendeu mais de cem mil
Aí foi um estouro
Abriu-se a porteira
Ganhou disco de Ouro
O Gaúcho da Fronfeira
Incrível o sucesso
Da dupla da Esbórnia
E o regulamento
Que mudou a Califórnia
Nasceu o Musicanto
Surgiu um novo som
E mesmo assim há tantos
Que não mudam o tom.

O osso segue duro
De roer e de quebrar
Mas o Élton Saldanha
Que louco de atar
Me disse outro aia
De braço com o violão
Que acha que a saída
Esta na tradição!
Não sei se está certo
O Cavaleiro da Paz
Se faço o que ele disse
Ou se faço o que ele faz
A música do sul
Não anda, não decola
E tem muito artista
Preferindo jogar bola

Eu lembro com saudade
Dos Bertussi, Tio Bilia
Do velho Gildo de Freitas
Que cantava “Aporfia”
Do grande José Mendes
Que chegou virando cisco
E o mestre Teixeirinha
Que vendeu milhões de discos
Aqui atualmente 
Não se passa dos dez mil
Tem festa da pesada
 
Quando alguém vende cem mil
A USA e a ACIT
Dizem que vão ir até o fim
Com Osvaldir e Magrão
E com Wilson Paim

Já viu Porca Véia
Suando num gaitaço
Num baile de rodeio
Seguro no compasso
E os “home” do Alegrete
No disco Fagundaço
É lindo de se ver
Quem sabe dar puaço
O João de Almeida Neto
No tango ou na milonga
Se abre aquele peito
É um concerto de arapongas
 
Aqui temos de tudo
Agora vou falar
É que nem olho d’água
Quanto mais tira mais dá

Aqui tem hip-hop 
E tem funk a dar c’um pau
 
Também tem muito rock
 
E marchinha “halisblau”
 
Tchê music crescendo
 
Co’a Patrulha dê-lhe pau
E muito CTG
Que só cuida de Sarau
O bom nessa mistura
E que engrossa a discussão
Porque quem se segura
Não resbala o pé no chão
Qualguer estilo é bom
Instrumento não fala
 
Mas a gente tira som

Do rock pra vanera 
Da vanera pro batuque
Do reggae pro xote
 
É ao vivo não tem truque
 
Tem bandas do caralho
E o povo diz no pé
 
Nas escolas de samba
 
Não troco minha terra
 
Por nada nesse mundo
Eu sou gaúcho tchê
 
Tô no raso tô no fundo
Quero ver quem me desdiz
Não tá faltando nada
Pra gente ser feliz

Eu vou gravar um disco
Carregado de emoção
Em dupla com o Egisto
De guitarra e de violão
E se a Dama da Noite
Me levar pro Opinião
A festa vai ser grande
Vai ter canja de montão
Convido o Patinete
Pois confio neste louco
Porque conhece tudo
E mando contratar
A Bandaliera e Os Mirins
Que é pra misturar
os de bombacha e os de jeans
Pra o show vou convidar
O Nei Lisboa e o Biriva
Pra ver o que vai dar
Rock pop com nativa
Não vai ter quem te salve
No meio do zum-zum
Quando Bebeto Alves
Cantar o tum tum tum
A terra anda seca
Mas dá para plantar
No sítio dos Serranos
Com todos os defeitos
A gente é irmão

Violão aço e vocal: Tiago Ferraz
Violão: Luiz Carlos Borges
Guitarra e vocal: Rodrigo Tavares
Baixo e vocal: Cláudio Coelho Joner
Bateria: Guilherme Gull
Teclado e vocal: Alexandre Gaiga