SOLITÁRIA, NO GALPÃO,
PARIU A NEGRA SOZINHA
E NO SANGUE QUE A LEVOU
CHORA SOLITA A NEGRINHA
Sem pai, sem mãe, sem arrimo,
Foi crescendo a Deus dará
Lindaça, flor de açucena,
Olhos negros, boca larga,
Mas era negra a menina
E o Deus branco. O que dará?
Tão bonita quanto a mãe
A mesma sorte, a mesma cor
Ninguém a olhar por ela
Mas por beleza tamanha
Arrastou a mesma sanha
Trouxe dela a mesma dor
…
Feito gata de borralho
Qualquer um lhe faz carinho
Prova a beleza e se vai
Qualquer um xinga a negrinha
Ninguém precisa de atalho
Qualquer um leva pra o ninho
Será que em cor de sinhá
Sentiriam o que ela sente?
Coraçãozinho apertado
Do freio o queixo quebrado
E se trariam no ventre
De quem? Não sabe! A semente?
SOLITÁRIA, NO GALPÃO,
PARIU A NEGRA SOZINHA
E NO SANGUE QUE A LEVOU
CHORA SOLITA A NEGRINHA